À turma 7.ºC foi proposta a
redação de uma página de diário, tendo como base o texto discutido em sala de
aula. Eis
alguns dos textos produzidos:
Leiria, 7 de março de 2056
Querido diário,
Neste momento estou feliz,
porque é agora, (mais precisamente daqui a vinte minutos) que vou ter direito
ao meu copo de água diário. E este é o único que posso beber por hoje, pois a
água é um bem muito raro.
Não percebo por que é que as
pessoas dantes desperdiçavam tanto a água e agora imploram por ela. Se eu
pudesse fazer algo… mas não posso e sinto-me culpado por isso.
Dantes, eu era uma das pessoas
que desperdiçavam água: tomava banho de imersão, demorava meia hora a lavar o
carro sempre com a torneira ligada, não fechava a torneira enquanto lavava os
dentes…
Enfim… os miúdos de agora nem
acreditam que dantes havia água em abundância!
Embora tenha 56 anos, parece que
tenho 90, uma vez que a minha cara está toda enrugada, por causa de tanta
desidratação.
Bem, tenho de ir. Já me estão a
chamar para o meu copo de água diário!
Fica bem, querido diário!
Fica bem, querido diário!
Hugo Lima
6
de novembro de 2052
Querido diário,
Hoje foi um dia cansativo. Vim
agora do meu trabalho que este mês foi pago com uma garrafa de litro e meio de
água. Hoje já bebi o meu meio copo de água, mas continuo com a sensação de
sede.
Como era bom antigamente, quando
tínhamos muita água! Era recomendado beber um litro e meio de água por dia e
agora não podemos ultrapassar o meio copo.
Dantes, tinha muito cabelo, mas
agora tenho de cortá-lo para não ficarmos com ele sujo, pois não o podemos
lavar. Hoje em dia, toda a nossa roupa é descartável, pois caso contrário,
teríamos de a lavar. A nossa paisagem é parecida com o deserto do Egito da
minha infância.
Como eu gostava de poder voltar
atrás e mostrar às pessoas o quanto é preciso poupar a água para não ficarem
como eu – ter 52 anos mas parecer que tenho 20 anos a mais!
Até amanhã,
Inês
Pereira
19 de agosto de 2050
Querido diário,
Cada vez é mais difícil
sobreviver!
Hoje em dia, sou uma das poucas
pessoas da minha idade que ainda consegue sobreviver a estas altas temperaturas
sem água ou com muito pouca.
Já estou velhinha, mas ainda
trabalho, pois é uma das poucas formas de poder sobreviver, uma vez que recebo
uma garrafa de água como salário.
Nos meus tempos de infância,
sempre pensei que a água nunca acabaria e que nunca precisaria de trabalhar
para ganhar água, mas os tempos mudaram e faço tudo para poder beber um pouco
de água.
Na minha rua, as pessoas que
ainda estão vivas, são muito mais jovens do que eu, mas também trabalham.
Estamos no verão e é muito
complicado sobreviver. Não sei se as pessoas aguentarão muito mais tempo.
Nunca pensei dizer isto, mas
sinto saudades dos meus tempos de criança: tenho saudades de passar horas e
horas a tomar banho, saudades do meu cabelo limpo e comprido e tenho muitas
saudades da minha pele suave e macia.
Quando me vejo ao espelho,
começo a chorar, pois tive de cortar o meu cabelo, devido a não poder lavá-lo
como antigamente.
O que mais me entristece é a
minha pele. Ela era perfeita e agora está cheia de rugas e “desfeita” por causa
dos raios ultravioletas que chegam à terra, uma vez que quase não há camada de
ozono.
Queria tanto que tudo voltasse
aos tempos antigos!
Por hoje é tudo, querido diário!
Jéssica Sousa